segunda-feira, 24 de setembro de 2007

NÃO HÁ CAPITALISMO
























Sem racismo, machismo e homofobia

1969 é o ano que marca o surgimento das paradas gays e lésbicas, que hoje se realizam pelo mundo todo. Cansados da repressão policial, do preconceito e da violência, os homossexuais enfrentaram com a polícia numa batalha campal que durou dias. Retomar essa história é importante para entender que as Paradas do Orgulho Gay têm um origem na luta pelos nossos direitos e contra o preconceito que enfrentamos na sociedade.

É preciso entender que o preconceito e a opressão são peças fundamentas da sociedade em que vivemos. A desigualdade social, fruto da exploração, beneficia uns poucos enquanto joga a maioria numa condição de penúria. Para perpetuar essa situação. A divisão e o ódio mútuo entre os “de baixo” são imprescindíveis. Assim os preconceitos se difundem com o apoio, explícito ou não, daqueles que detém o poder, seja econômico, político ou ideológico. A Luta contra o racismo, o machismo e a homofobia deve andar lado-alado. Temos claro que a sociedade que precisamos não atende aos interesses dos que lucram com a homofobia. Assim, além de lutarmos ao lado de negros e negras, mulheres e outros setores oprimidos, precisamos nos somar também Às lutas dos trabalhadores contra a classe dominante.

Hoje, contudo, nos deparamos cada bem mais com paradas despolitizadas, que nada têm a ver com a origem do movimento. Isso não acontece por acaso. Presos à lógica do neoliberalismo, o preconceito se tornou um mercado milionário ligado à caríssimas casas noturnas. Ao turismo e às mercadorias voltadas para o público gay. A opressão que sofremos virou uma indústria na qual uns poucos lucram muito.

Por outro lado, o próprio movimento GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) está cada vez mais institucionalizado, ocupando espaços em Secretarias de governo e lucrando alto com projetos assistencialistas financiados com o dinheiro público e privado. Como resultado, se atrelam àqueles que deveriam combater e pressionar e não podem mias dar o caráter combativo e politizado que o movimento já teve no passado.

Mais do que isso, se afastam das bases do movimento, sendo sugados pelo conforto e prestígio dos espaços restritos que ocupam, e propagandeiam progressos e avanços em nossas lutas enquanto que seguimos sofrendo com a falta de respeito, o preconceito e a violência no dia-a-dia.
O movimento se encontra diante de uma encruzilhada: seguir o caminho atual, de atrelamento à origem vigente, perdendo a autonomia frente aos empresários dos guetos gays e governos, e em especial ao governo Lula – cuja base aliada é composta por setores fundamentalistas como o PL ligado à Igreja Universal do Reino de Deus -; ou retomar ás suas origens, travando uma luta consciente por mais direitos, contra o preconceito, e no caminho da unidade com outros setores oprimidos e explorados de nossa sociedade.

O que os setores majoritários do movimento GLBT se recusam a ver e que nem todos são nossos aliados na luta contra a homofobia. Os donos da milionária “indústria cor-de-rosa”, hoje, arrancam seus lucros exatamente da manutenção do preconceito e da violência que sofremos, e geralmente, nos impedem se sermos quem somos publicamente.

Transformando os espaços que conquistamos, com muita luta, em caríssimos “guetos privados”, acessíveis quase que exclusivamente àqueles que têm dinheiro para freqüentá-los ou representando-nos de formas totalmente fantasiosa nos meios de comunicação, estes senhores nada mais fazem do que investir na asquerosa versão neoliberal do já batido conceito de “cidadania”: o direito de consumir e virar mercadoria.

Enquanto isso, nossa verdadeira luta é secundarizada, ou limitada às Paradas ou outros eventos, que, também mercantilizados, servem cada vez mais ou menos como momentos de mobilização e luta.

É preciso que os sindicatos pautem o problema da opressão nos locais de trabalho, que se somem às Paradas (até mesmo para mudar o seu atual caráter), que denunciem o jogo hipócrita de Lula, que agrada a maioria das ONG’s com suas migalhas financeiras enquanto segue se apoiando nos mais reacionários partidos políticos, e em centrais pelegas como CUT e Força Sindical, para implementar reformas como a da previdência e gasta milhões para receber seus novos “companheiros”, facistas e homofóbicos, como Bush e Bento 16.

(...)

[texto desenvolvido por grupo de trabalho Mulheres e Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais da coordenação nacional de lutas]

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